6 de novembro de 2014

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por: mokayama

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Fantasmas…

Todos fantasmas, anjos e demônios de cada um, assumem proporções diferentes de acordo com a quilometragem que estamos de nossa caminhada pessoal.

As cores, tamanhos e respectivos impactos parecem se alterar conforme o tamanho de nossa percepção…quantas vezes aquele parque enorme de nossa infância se mostra na realidade um pequeno terreno; a enorme sala de nossa avó já não parece tão grande aos nosso olhos de adultos e o infinito da rua, tem fim sim….

Ano passado tive a oportunidade de pisar no palco que tive meus primeiros batismos de fogo na musica, o teatro da escola que estudei, o Nossa Senhora do Rosario, que era conhecido como teatro Nidia Lice..
Estávamos no processo de escolher escola para minha filha e este entrou na licitação…

No meio de pais que questionavam cada tijolo e “modus operandu da escola” sentia o passado vomitando na minha cara, suaves perfumes, tons azedos , com predominância cinza e chuvosa com flashes de azul límpido ; uma rápida interiorização pessoal típica que todos nós, deslocados oficiais, com os anos dourados possuímos….(sim, somos os loucos, artistas,professores, médicos, bombeiros e escritores..)

Mas confesso uma sensação muito peculiar ao pisar no palco onde tive minhas primeiras epifanias e momentos de glória adolescente com uma guitarra pendurada…

O outrora palco enorme, já não era tão grande, mas a perspectiva de estar sobre ele permanecia, a mesma que carreguei como meu oficio e credo de vida; para muitos pode ser um estranhamento beirando o pânico,mas para quem faz da exposição de suas emoções o ganha pão este rito é apenas o pilotar um avião, parafraseando a frase do meu bro Kiko Loureiro ao equacionar a sensação de estar no palco com ausência de gravidade.

Para os parapsicólogos, teatros e casas de espetáculos são mananciais de fantasmas e almas penadas com apego ao lugar. Não estranho, pois a energia que se troca e se desprende do placo para a platéia é forte e viciante….deve mesmo ultrapassar a fronteira de vida.

Num novembro de 1989 me despedi da minha era naquela escola e seu aprendizado com arpejos inspirados no Jason Becker e com uma Strato arremessada ao chão…mal imaginava que estes seriam grande parte de meus rituais profissionais pelos anos a seguir…

Nem preciso dizer que dei o cano na formatura de colegial naquele ano….

Ter contato com alguns fantasmas de vez em quando é fundamental para balizarmos nossos atos e dar uma perspectiva ao nossa existência bela, porem caótica…

M.O.