Guitarras mutantes ..
Há alguns anos me deparei com uma entrevista numa Guitar Player Americana com um dono de loja Americano chamado Fatdog, cuja clientela incluía nomes com Joe Satriani e Mark Knopler.
O Fatdog falava abertamente( há cerca de 20 anos atrás) sobre a exploração que acontecia em relação ao mercado de instrumentos vintages e o mitos que se criavam a respeito desta cultura, que acabava direcionada mais para uma tendência colecionista que propriamente musical.
Um dos conceitos que o Fatdog citava era o de guitarras mutantes(frankensteins para alguns) onde era premissa a adaptação de peças e componentes de vários instrumentos no intuito de criar uma guitarra funcional e barata.
O maior ícone desta tendência na Era da guitarra moderna foi Eddie Van Halen , com sua famosa strato Frankenstein, cuja o conceito era o de criar um instrumento que atendesse as suas necessidades.
Os fãs “hardcore”do the Who, irão lembrar de fotos do Pete Towshend nas primeiras tournes com guitarras mutantes, Teles com braços de Danelectro, Teles com braços de Strato e outras variações; o fato que causava tais mutações era muito simples, a destruição de equipamentos nas apresentações da banda gerava um ônus enorme e acima de tudo o circo deveria continuar a qualquer preço, incluso ai adaptação de restos de guitarras quebradas.
Numa tendência geral de customização que os bens de consumo e design passam(vide o sucesso de programas como Overhaulin, American Choppers, Extreme Makeover e as variações do mesmo tema) a customização de guitarras é uma tendência que se faz mais forte no meio.
Alguns instrumentos que uso se encaixam nesta linha;apesar de ter utilizado guitarras bem bacanas ,tanto de marcas famosas, como de luthiers consagrados no mercado(que faço questão de prestigiar) confesso que ando com o saco bem cheio com a paranóia,obssessão , consumismo e uma postura infantilista que se tem visto no circuito de guitarristas em relação a um fetichismo bobo com guitarras(que como diria Roger Daltrey , são apenas uma porra de um pedaço de madeira).
A jaguarzinha azul , é na verdade uma Giannini supersônic antiga da qual foi apenas aproveitado o corpo e ponte,o braço é de uma Tagima tele que quebrei(que não estava legal) com captadores sound garage Goto, e pintura feita pela minha mãe, usei esta guitarra em gravações profissionais, alguns projetos experimentais e dou aulas com ela direto até hoje, ficou com um som mais encorpado, meio de p 90. O braço foi mexido pelo Edmar Luighi pessoalmente(leve escalope ) e sua equipe montou a guitarra e a finalizou.
A outra guitarra é uma longa história; uma carcaça de Kramer comprada do luthier Paulo Ferreira, na época que trabalhava com o Edmar, foi esburacada num momento de ócio “incomodado” movido a café, levemente inspirado nas guitarras do Ron Thal e do Demian Tiguez; ficou encostada por anos até se dar um prumo e finalizar seu projeto numa mutação inspirada nas guitarras do Joe Jem Despagni(sim o famoso luthier que criou o conceito por de trás da Ibanez Jem).
Contrariando qualquer lógica em relação a influência dos buracos na madeira, o fato é que a guitarra esta soando bem para caralho.(vai entender…).
Pretendo contar melhor a história destes e de outros instrumentos ,alem de outras historias de “guerra”no site novo do Edmar Luighi a ser lançado em breve.
Abx e bjs!
Oka