7 de março de 2014

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por: mokayama

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Categorias: matérias

Samurais Cangaceiros….

samuraicard

Meu avo paterno era um cara ímpar: um dos primeiros dentistas a se estabelecer na colônia japonesa, com altas inclinações filosóficas e pesquisador(parece que era maçom, numa época que o assunto era extremamente velado), mecenas das artes plásticas(ligado ao fato de minha avó ser uma das fundadoras do grupo Guanabara, núcleo artistico nipo brasileiro) incentivou muito o início dos principais artistas plásticos japoneses que se estabeleciam em Terras brasilis…

Foi oficial de cavalaria do Japão em uma das incursões nipônicas em solo chinês.

Não cheguei a conhece-lo em vida , nasci um anos após sua passagem, mas sinto um forte conexão com ele, seja lá em qual esfera…

Um fato inusitado em seu exótico gosto, era sua predileção por filmes e histórias de Gangaceiros; sempre achei um mix interessante , mesmo sem achar a ligação direta entre os dois territórios….(até cheguei a batizar o trio instrumental que toco de Kalango Kamikaze,pensando nesta mix louca..)

Faz alguns anos, vi uma citação muito legal do renomado artista Jun Matsui que possui sangue nipônico e nordestino, mostrando o devido link entre as duas culturas: o Japão Feudal e o agreste Nordestino, tomado pelo Cangaço. Segundo as palavras do Jun era uma área onde não se tinha duvidas ou áreas cinzentas; branco é branco e preto é preto… se assumia posturas e atitudes, fosse o preço que fosse…

Há alguns anos me deparei com o interessante manga Gournet de Jiro taniguchi, um compêndido de historias curtas as quais giram em torno de um protagonista , vendedor /representante e como este personagem interage com os espaços urbano de restaurantes e o delicado lado psicológico que envolve sutilmente o ato de pedir uma refeição;escrito e desenhado com o tato e ótica que apenas os japoneses conseguem enxergar…

O autor comenta no pósfacio, sua própria insegurança ao entrar para comer num estabelecimento desconhecido, imaginando como um samuari no Japão feudal, adentraria num recinto qualquer ,sem a menor cerimônia nem insegurança, tiraria katana da bainha , e ordenaria seu saque e refeição sem filosofia, pois para estes guerreiros a filosofia já era o próprio viver e arriscar a vida..assim como a troupe de lampião.

Ecos de uma época em que as ações integravam melhor o coração , espírito e corpo,na vida e no trilhar de sua estrada pessoal…